O que o mundo rejeitou

E existem ainda tatos que acreditam que este assunto acabou…

Mesmo pessoas que se consideram bem informadas sobre Adolf Hitler e o Terceiro Reich, são ignorantes quanto aos numerosos esforços pela paz na Europa do líder alemão, incluindo sérias propostas para redução de armamentos, e limites sobre o desenvolvimento de armas, que foram desdenhadas pelos líderes da França, Inglaterra e outras potências.

As Ofertas de Paz de Hitler, 1933-1939

O primeiro grande discurso de Hitler sobre política externa após tomar posse como chanceler, proferido no Reichstag em 17 de maio, 1933, foi um apelo pela paz, direitos de igualdade e entendimento mútuo entre as nações. Tão razoável e persuasivamente argumentado foi seu apelo que ele foi endossado mesmo pelos representantes da oposição do Partido Social Democrata. Dois anos mais tarde, em seu discurso no Reichstag de 21 de maio, 1935, o líder alemão enfatizou novamente a necessidade de paz sobre a base de respeito mútuo e direitos iguais. Mesmo o London Times considerou este discurso como “razoável, franco e compreensivo”.


Tais apelos não eram mera retórica. Em 31 de março, 1936, por exemplo, o governo de Hitler anunciou um plano abrangente para fortalecer a paz na Europa. O documento detalhado incluiu numerosas propostas específicas, incluindo a desmilitarização da região da Renânia inteira, um acordo de segurança da Europa ocidental, e categórica proibição de bombas incendiárias, gás venenoso, tanques pesados e artilharia pesada.


Apesar desta ampla oferta, e outras como ela, ter sido rejeitada pelos líderes em Londres, Paris, Varsóvia e Praga, as iniciativas de Hitler não foram inteiramente infrutíferas. Em janeiro de 1934, por exemplo, seu governo concluiu um pacto de não-agressão de dez anos com a Polônia. (Infelizmente, o espírito deste tratado foi posteriormente quebrado pelos homens que tomaram o poder em Varsóvia após a morte do Marechal Pilsudski em 1935). Um dos maiores sucessos da política exterior de Hitler foi um abrangente acordo naval com a Inglaterra, assinado em junho de 1935. (Este acordo, a propósito, revogava o Tratado de Versalhes, desse modo, mostrava que nem Londres nem Berlim ainda o consideravam como válido).

Por anos, Hitler buscou uma aliança com a Inglaterra, ou ao menos uma relação cordial baseada no respeito mútuo. Nesse esforço, ele tomou cuidado para não ofender o orgulho ou sensibilidades inglesas, ou fazer qualquer proposta que pudesse prejudicar ou ameaçar interesses britânicos. Hitler também trabalhou por relações cordiais com a França, igualmente tomando cuidado para não dizer ou fazer algo que pudesse ofender o orgulho francês ou infringir os interesses nacionais franceses. A sinceridade das propostas de Hitler para a França, e a validade de seu medo de uma possível agressão militar francesa contra a Alemanha é ressaltada pela imensa mão de obra e recursos de financiamento que ele devotou para construir a vasta Westwall (“Linha Siegfried”) de fortificações defensivas na fronteira ocidental de sua nação.

Ao longo dos anos, historiadores tendiam, ou a ignorar as iniciativas de Hitler para reduzir tensões e promover a paz, ou a recusá-las como uma postura enganosa. Mas se os líderes responsáveis na Inglaterra e França durante a década de 1930 tivessem realmente considerado as propostas como um blefe ou pretensão hipócrita, eles poderiam facilmente tê-las expostas como tal ao dar-lhes séria consideração. Sua atitude indiferente sugere que eles entendiam que as propostas de Hitler eram sinceras, mas as rejeitaram de qualquer maneira, porque aceitá-las poderia prejudicar a predominância político-militar franco-britânica na Europa.

No ensaio seguinte, um estudioso alemão revisa as propostas de Hitler e seu governo – especialmente nos anos antes da eclosão da guerra em 1939 – para promover paz e direitos de igualdade na Europa, reduzir tensões, e limitar muito a produção e desenvolvimento de armamentos.

O autor, Friedrich Stieve (1884-1966), foi um historiador e diplomata alemão. Durante a Primeira Guerra Mundial ele serviu como adido de imprensa com a baixada alemã em Estocolmo. Ele representou o governo democrático da Alemanha como seu embaixador na Letônia, 1928-1932. Ele então se mudou para Berlim, onde ele chefiou o departamento de assuntos politico-culturais do Ministério do Exterior Alemão, 1932-1939. Ele obteve um doutorado da Universidade de Heidelberg, e foi um membro da Academia de Ciências Prussiana. Livros por Stieve incluem Geschichte des deutschen Volkes (1939), Wendepunkte europäischer Geschichte vom Dreißigjährigen Krieg bis zur Gegenwart (1941), e uma coleção de poemas.

Aqui, abaixo, há uma tradução do longo ensaio por Dr. Stieve, Was die Welt nicht wollte: Hitlers Friedensangebote 1933-1939, impresso pelo “Centro de Informação Alemã” e publicado como uma brochura de 16 páginas em Berlim em 1940. Juntamente com edições que logo publicadas em francês e espanhol, uma edição em língua inglesa foi publicada como uma brochura, aparentemente em 1940, pelo Washington Journal de Washington, DC.

Hitler não queria guerra em 1939 – e certamente não um conflito geral ou global. Ele procurou seriamente uma resolução pacífica da disputa com a Polônia sobre o status da cidade-estado etnicamente alemã de Danzig e da região do “Corredor”, que foi a causa imediata do conflito. A sinceridade de seu desejo por paz em 1939, e seu medo de uma outra guerra mundial, têm sido afirmado por uma série de estudiosos, incluindo o eminente historiador britânico A. J. P. Taylor. Foram, é claro, as declarações de guerra contra a Alemanha pela Inglaterra e França em 3 de Setembro de 1939, realizadas com o encorajamento secreto do Presidente dos EUA, Roosevelt, que transformaram o limitado conflito germano-polonês em uma guerra mais ampla, em todo o continente.


Para justificar sua declaração de guerra, Inglaterra protestou que a Alemanha tinha violado a soberania polonesa, e ameaçava a independência da Polônia. O vazio e a falsidade dessas razões expostas são mostrados pelo fato de que os líderes britânicos não declararam guerra contra a Rússia Soviética que duas semanas depois, quando as forças soviéticas atacaram a República Polonesa pelo leste. A traição britânica com a Polônia e a hipocrisia de suas alegadas razões para ir à guerra contra a Alemanha em 1939 se tornou ainda mais óbvia em 1944-45, quando os líderes britânicos permitiram a completa tomada e subjugação da Polônia pelos soviéticos.

A campanha militar de seis semanas da Alemanha de maio-junho de 1940 terminou com uma deslumbrante vitória sobre as, numericamente superiores, forças francesas e britânicas, e a derrota das tropas britânicas no continente europeu. Na seqüência deste triunfo histórico, Hitler e seu governo ainda fizeram outro importante esforço para terminar a guerra. (Porque isso foi feito em 1940, após o ensaio de Dr. Stieve estar escrito e publicado, não foi incluído no texto abaixo)

Em um discurso realizado no Reichstag em 19 de junho de 1940, que foi transmitido pelas estações de rádio do mundo, o líder alemão disse:

“… De Londres eu ouço agora um grito – não é o grito das massas do povo, mas sim de políticos – que a guerra deve agora, ainda mais, continuar… Acreditem-me, meus deputados, eu sinto um desgosto interior deste tipo de parlamentar inescrupuloso destruidores de povos e países… Nunca foi minha intenção de travar guerras, mas sim de construir um novo estado social do mais alto nível cultural. Cada ano desta guerra me mantém [distante] deste trabalho… Sr. Churchill declarou novamente agora que ele quer Guerra… Eu estou totalmente ciente que com nossa resposta, que um dia chegará, também chegará sofrimento inominável e infortúnio para muitas pessoas…”
“… Nesta hora eu me sinto compelido, diante de minha consciência, a direcionar ainda outro apelo à razão na Inglaterra. Eu acredito que eu posso fazer isto, pois eu não estou implorando por algo como um vencido, mas ao contrário, como um vitorioso falando em nome da razão. Eu não vejo razão convincente para esta guerra continuar. Eu me entristeço ao pensar nos sacrifícios que ela reivindicará… Possivelmente o Sr. Churchill novamente deixará de lado esta declaração minha dizendo que ela é meramente uma expressão de medo e de dúvida em nossa vitória final. Neste caso, eu terei aliviado minha consciência a respeito das coisas que virão.”

Dando seguimento a este apelo, autoridades alemãs estenderam a mão à Inglaterra através de canais diplomáticos. Mas Winston Churchill e seu governo rejeitaram esta iniciativa e, ao contrário, insistiram em continuar a guerra – com, é claro, conseqüências horríveis para a Europa e o mundo.

Mark Weber, Junho de 2013.
O Que o Mundo Rejeitou
As Ofertas de Paz de Hitler, 1933-1939

Por Friedrich Stieve

Os inimigos da Alemanha mantêm hoje, que Adolf Hitler é o maior perturbador da paz conhecido da história, que ele ameaça cada nação com ataque súbito e opressão, que ele criou uma terrível máquina de guerra a fim de trazer miséria e devastação em toda a parte. Ao mesmo tempo eles, intencionalmente, escondem um fato de todo importante: eles mesmos que levaram o líder do povo alemão a finalmente desembainhar a espada. Eles mesmos compeliram-no a buscar obter, finalmente, pelo uso da força o que ele se esforçava para ganhar pela persuasão desde o começo: a segurança de seu país. Eles fizeram isso não apenas declarando guerra contra ele em 3 de setembro de 1939, mas também ao bloquear, passo a passo, por sete anos o caminho para alguma discussão pacífica.

As repetidas tentativas feitas por Adolf Hitler para induzir os governos de outros estados para se juntarem a ele em uma colaboração de restauração da Europa são parte de padrão sempre recorrente em sua conduta desde o começo de seus trabalhos pelo Reich Alemão. Mas essas tentativas foram arruinadas todas as vezes, devido ao fato que em lugar algum havia nenhuma vontade para dar a elas a devida consideração, porque o espírito maligno da [primeira] Guerra Mundial ainda prevalecia por toda parte, porque em Londres e Paris e nas capitais dos vassalos das potências ocidentais havia apenas uma intenção fixada: perpetuar o poder de [do imposto] Versalhes [tratado de 1919].

Uma rápida olhada nos mais importantes eventos fornece prova incontroversa disso.

Quando Adolf Hitler veio à tona, a Alemanha estava tão amordaçada e tão desamparada como os vitoriosos de 1918 pretendiam que ela estivesse. Completamente desarmada, com um exército de apenas 100.000 homens destinados apenas para tarefas policiais dentro do país, ela se viu dentro de um círculo bem fechado de vizinhos, todos armados até os dentes e aliados. Para os velhos inimigos no Ocidente – Inglaterra, Bélgica e França – novos foram artificialmente criados e adicionados no Leste e no Sul: acima de tudo a Polônia e a Tchecoslováquia. Um quarto da população da Alemanha foi forçadamente separado de seu país natal e entregue a poderes estrangeiros. O Reich alemão, mutilado de todos os lados e roubado de todos os meios de defesa, em qualquer momento poderia se tornar a vítima indefesa de um vizinho voraz.

Foi então que Adolf Hitler pela primeira vez fez seu apelo ao senso comum das outras potências. Em 17 de maio de 1933, alguns meses após sua indicação para o posto de Chanceler do Reich, ele fez um discurso no Reichstag alemão que incluiu as seguintes passagens:

“Alemanha estará perfeitamente pronta para dispersar inteiramente seu estabelecimento militar e destruir a pequena quantidade de armas que lhe restam, se os países vizinhos fizerem a mesma coisa com igual profundidade.”
“… Alemanha também está inteiramente pronta para renunciar armas agressivas de todo tipo se as nações armadas, de sua parte, destruírem suas armas agressivas dentro de um período específico, e se seu uso for proibido por uma convenção internacional.”
“… Alemanha está pronta a qualquer hora para renunciar armas agressivas se o resto do mundo fizer o mesmo. Alemanha está preparada para concordar com qualquer pacto solene de não-agressão porque ela não pensa em atacar ninguém, mas somente de adquirir segurança.”

Nenhuma resposta foi recebida.

As outras potências negligentemente continuaram a encher seus arsenais com armas, a acumular suas reservas de explosivos, a aumentar o número de suas tropas. Ao mesmo tempo a Liga das Nações, o instrumento das potências vitoriosas, declarou que a Alemanha deve, primeiro, submeter-se a um período de “provação” antes que fosse possível discutir com ela a questão do desarmamento de outros países. Em 14 de outubro de 1933, Hitler retirou-se da Liga das Nações, com a qual era impossível chegar a um entendimento. Pouco tempo depois, entretanto, em 18 de dezembro de 1933, ele apresentou uma nova proposta para a melhoria das relações internacionais. Esta proposta incluiu os seguintes seis pontos:

“1. Alemanha recebe completa igualdade de direitos.
2. Os estados totalmente armados se comprometem entre si a não aumentar seus armamentos além do nível atual.
3. Alemanha adere a este acordo, comprometendo-se livremente a fazer uso da eqüidade de direitos garantida a ela apenas de forma realmente moderada que não representará uma ameaça à segurança de qualquer potência européia.
4. Todos os estados reconhecem certas obrigações a respeito de conduzir guerra sobre princípios humanos, ou não usar certas armas contra a população civil.
5. Todos os estados aceitam uma supervisão geral que monitorará e garantirá a observância destas obrigações.
6. As nações européias garantem uma à outra a manutenção incondicional da paz pela conclusão de pactos de não agressão, a serem renovados a cada dez anos.”

Em seguida, uma proposta foi feita para aumentar a força do exército alemão para 300.000 homens, correspondente à força “necessária pela Alemanha para levar em conta a extensão de suas fronteiras e o tamanho dos exércitos de seus vizinhos”, a fim de proteger seu território ameaçado por ataques. O defensor do princípio de acordo pacífico estava assim tentando acomodar-se à falta de vontade dos outros de se desarmar ao expressar um desejo por um limitado aumento de armamentos para seu próprio país. Uma troca de notas, que começou com esta e continuou por anos, finalmente vindo a um súbito fim com um inequívoco “não” da França. Este “não” era, além disso, acompanhado por um tremendo aumento das forças armadas da França, Inglaterra e Rússia.

Desta forma, a posição da Alemanha se tornou ainda pior do que antes. O perigo para o Reich era tão grande que Adolf Hitler sentiu-se compelido a agir. Em 17 de março de 1935, ele reintroduziu o recrutamento. Mas em direta conexão com esta medida, ele uma vez mais anunciou uma oferta de acordos abrangentes, o propósito do qual era garantir que qualquer guerra futura seria conduzida sobre princípios humanos, de maneira a fazer qualquer guerra praticamente impossível ao eliminar armamentos destrutivos. Em seu discurso de 21 de maio de 1935, ele declarou:

“O governo alemão está pronto para tomar uma parte ativa em todos os esforços que possam levar a uma limitação prática dos armamentos. Ele considera um retorno aos princípios da Convenção de Genebra da Cruz Vermelha como o único caminho possível para alcançar isto. Ele acredita que, a princípio, haverá somente a possibilidade de abolição gradual e proibição de armas e métodos de guerra que são essencialmente contrários à, ainda válida, Convenção de Genebra da Cruz Vermelha.”
“Tal como o uso de balas dum-dum [expansivas] foi uma vez proibido e, no todo, assim prevenido na prática, também o uso de outras armas específicas pode ser proibido e seu uso, na prática, pode ser eliminado. Aqui o governo alemão tem em mente todos os armamentos que trazem morte e destruição não só aos soldados em luta, mas também para mulheres e crianças não combatentes.”
“O governo alemão considera tão errôneo e ineficiente a idéia de acabar com aviões enquanto que deixando em aberta a questão do bombardeio. Mas ele acredita que seja possível proibir o uso de certas armas como contrárias à lei internacional, e legar ao ostracismo as nações, que ainda as usem, da comunidade da humanidade, e de seus direitos e leis.”
“Ele também acredita que o progresso gradual é o melhor caminho ao sucesso. Por exemplo, pode haver proibição do uso de gás, bombas incendiárias e explosivas fora da real zona de batalha. Esta limitação poderia ser estendida à completa proibição internacional de todos os bombardeios. Mas enquanto bombardeio, como tal, seja permitido, qualquer limitação do número de bombardeiros aéreos é duvidosa em vista da possibilidade de rápida substituição.”
“Devendo bombardeio, como tal, ser marcado como bárbaro e contrário à lei internacional, a construção de aviões de bombardeio aéreos será logo abandonada como supérflua e inútil. Se, através da Convenção de Genebra da Cruz Vermelha, se provou possível prevenir a matança de homens feridos indefesos e de prisioneiros, deveria ser igualmente possível, através de convenção análoga, proibir e finalmente pôr um fim ao bombardeio de, similarmente, populações civis indefesas.”
“Em tal forma fundamental de lidar com o problema, Alemanha vê uma maior tranqüilidade e segurança para as nações do que em todos os pactos de acordo militar e assistência.”
“O governo alemão está pronto para concordar com qualquer limitação que leve à abolição das armas mais pesadas, especialmente adequadas para agressão. Tais armas são, primeiro, a artilharia mais pesada, e em segundo, os tanques mais pesados. Em vista das enormes fortificações na fronteira francesa, tal abolição internacional das armas mais pesadas de ataque dariam automaticamente à França cem por cento de segurança.”
“Alemanha se declara pronta para concordar com qualquer limitação que seja do tamanho do calibre da artilharia, tanto quanto encouraçados, cruzadores e torpedeiros. Da mesma maneira o governo alemão está pronto para aceitar qualquer limitação internacional do tamanho de navios de guerra. E, finalmente, ela está pronta para concordar em limitar a tonelagem para submarinos, ou para sua completa abolição através de um acordo internacional.”
“E ela dá garantia adicional que ela concordará com qualquer limitação internacional ou abolição de armas, quaisquer que seja, por um período uniforme de tempo.”

Uma vez mais as declarações de Hitler não receberam a menor resposta.

Ao contrário, França fez uma aliança com a Rússia de maneira a aumentar ainda mais a sua predominância sobre o continente, e a aumentar enormemente a pressão sobre a Alemanha no leste.

Em vista das evidentes intenções destrutivas de seus adversários, Adolf Hitler foi, portanto, obrigado a tomar novas medidas pela segurança do Reich alemão. Em 3 de março de 1936, ele ocupou a Renânia, que havia estado sem proteção militar desde [o] Versalhes [tratado de 1919], e assim, fechou a ampla porta pela qual o vizinho ocidental poderia executar uma invasão. Uma vez mais, ele seguiu o passo defensivo que ele tinha sido obrigado a tomar com um apelo generoso pela reconciliação geral e liquidação de todas as diferenças. Em 31 de março de 1936, ele formulou o seguinte plano de paz:

“1. A fim de dar a característica de tratados invioláveis a futuros acordos assegurando a paz da Europa, aquelas nações participando nas negociações o fazem apenas sobre uma base inteiramente igual e como membros igualmente estimados. A única razão convincente para assinar esses tratados pode apenas repousar no reconhecimento geral e na utilidade óbvia desses acordos para a paz da Europa, e assim, para a felicidade social e prosperidade econômica das nações.
2. A fim de reduzir, no interesse econômico das nações européias, o período de incerteza, o governo alemão propõe um limite de quatro meses para o primeiro período até a assinatura dos pactos de não agressão, garantindo a paz da Europa.
3. O governo alemão dá a garantia de não adicionar qualquer reforços que sejam para as tropas na Renânia durante este período, sempre previsto que os governos belga e francês atuem do mesmo modo.
4. O governo alemão dá a garantia de não mover durante este período as tropas presentemente estacionadas na Renânia para mais próximo das fronteiras da Bélgica e França.
5. O governo alemão propõe a criação de uma comissão composta de duas potências garantidoras, Inglaterra e Itália, e uma desinteressada terceira potência neutra, para garantir esta certeza a ser dada por ambas as partes.
6. Alemanha, Bélgica e França são autorizadas a enviar um representante para esta Comissão. Se a Alemanha, França ou a Bélgica pensam que, por qualquer razão particular, eles podem apontar a uma mudança na situação militar que tomou lugar dentro deste período de quatro meses, eles têm o direito de informar à Comissão Garantidora de suas observações.
7. Alemanha, Bélgica e França declaram sua boa vontade em tal caso para permitir esta Comissão fazer as investigações necessárias através dos adidos militar inglês e italiano, e depois relatar aos poderes participantes.
8. Alemanha, Bélgica e França dão garantia que elas darão a mais completa consideração para às objeções decorrentes.
9. Além disso, o governo alemão está disposto, sobre a base da completa reciprocidade com os vizinhos ocidentais da Alemanha, a concordar com quaisquer limitações na fronteira ocidental da Alemanha.
10. Alemanha, Bélgica e França e as duas potências garantidoras concordam a entrar em negociações sob a liderança do governo inglês de uma só vez ou, ao mais tardar, após as eleições francesas, para a conclusão de pacto de não agressão ou de segurança de 25 anos entre França e Bélgica de um lado e a Alemanha do outro.
11. Alemanha concorda que a Inglaterra e a Itália devem assinar este pacto como potências garantidoras uma vez mais.
12. Caso compromissos especiais rendam assistência militar como resultado desses acordos de segurança, a Alemanha de sua parte declara sua vontade de entrar em tais compromissos.
13. O governo alemão, por este meio, repete sua proposta para a conclusão de um pacto aéreo para completar e reforçar estes acordos de segurança.
14. O governo alemão repete que caso a Holanda assim deseje, ele está disposto a também incluir aquele país neste acordo de segurança Europeu Ocidental.
15. A fim de dar a este pacto de paz, voluntariamente assumido entre Alemanha e França, o caráter de um acordo conciliatório para terminar com uma desavença centenária, Alemanha e França se comprometem a tomar passos para ver que na educação da juventude, tanto quanto nos jornais e publicações de ambas as nações, tudo que possa ser calculado para envenenar as relações entre os dois povos deve ser evitado, seja uma atitude depreciativa ou desdenhosa, ou interferência imprópria nos assuntos internos do outro país. Eles concordam em criar nas sedes da Liga das Nações em Genebra, uma comissão conjunta cuja função deverá ser a de colocar diante dos dois governos todas as reclamações recebidas, para informação e investigação.
16. De acordo com sua intenção de dar a este acordo a característica de uma garantia sagrada, Alemanha e França empreendem a ratificá-lo através de um plebiscito nas duas nações.
17. Alemanha expressa sua boa vontade, de sua parte, para contatar os estados em suas fronteiras sul-leste e norte-leste, para convidá-los diretamente para a assinatura formal final dos propostos pactos de não agressão.
18. Alemanha expressa sua boa vontade de reentrar na Liga das Nações, seja de uma vez, ou após a conclusão desses acordos. Ao mesmo tempo, o governo alemão, uma vez mais, expressa como sua expectativa que, após um tempo razoável e através de negociações amigáveis, a questão da igualdade de direitos coloniais, tanto quanto a questão da separação do Pacto da Liga das Nações de sua fundação no Tratado de Versalhes, serão esclarecidas.
19. Alemanha propõe a criação de uma Corte Internacional de Arbitragem, que será responsável pela observância dos vários acordos e cujas decisões serão vinculativas para todas as partes.
Após a conclusão deste grande trabalho para assegurar a paz européia, o governo alemão considera urgentemente necessário empenhar-se por medidas práticas para por um fim à ilimitada competição em armamentos. Em sua opinião, isto não significaria meramente uma melhoria nas condições econômicas e financeiras das nações, mas sobre tudo uma diminuição da tensão psicológica.
O governo alemão, entretanto, não tem fé na tentativa de levar a estabelecimentos universais, pois isto estaria condenado ao fracasso desde o início, e pode, portanto, ser proposto apenas por aqueles que não têm interesse em alcançar resultados práticos. Por outro lado, ele é da opinião que as negociações mantidas e os resultados alcançados ao limitar armamentos navais deveriam ter um efeito instrutivo e estimulante.
O governo alemão, portanto, recomenda futuras conferências, cada qual devendo ter um objetivo único, claramente definido.
Para o presente, ele acredita que a tarefa mais importante é trazer a guerra aérea a uma atmosfera humana e moral da proteção proporcionada aos não combatentes ou aos feridos, conforme a Convenção de Genebra. Tal como a matança de feridos indefesos, ou de prisioneiros, ou o uso de balas dum-dum, ou o empreendimento de guerra com submarinos sem aviso, foram ou proibidos ou regulamentados por convenções internacionais, assim deve ser possível para a humanidade civilizada prevenir o abuso sem sentido de qualquer novo tipo de arma, sem contrariar o objeto da guerra.
O governo alemão, portanto, propõe que as tarefas práticas dessas conferências devem ser:
1. Proibição do uso de gás, veneno, ou bombas incendiárias.
2. Proibição do uso de bombas de qualquer tipo que seja sobre cidades ou lugares fora do alcance de artilharia média-pesada dos frontes de luta.
3. Proibição do bombardeio com armas de longo alcance de cidades ou lugares distantes mais de 20 quilômetros da zona de batalha.
4. Abolição e proibição da construção de tanques do tipo mais pesado.
5. Abolição e proibição de artilharia de calibre mais pesado.
Tão logo quanto às possibilidades para limitação adicional de armamentos surjam de tais discussões e acordos, elas devem ser utilizadas. O governo alemão, por este meio, se declara preparado para se unir em toda determinação, na medida em que ela seja válida internacionalmente.
O governo alemão acredita que se mesmo um primeiro passo for dado em direção ao desarmamento, este será de enorme importância nas relações entre as nações, e deste modo, em reestabelecer a confiança, que é uma precondição para o desenvolvimento do comércio e prosperidade.
Em conformidade com o desejo geral pela restauração de condições econômicas favoráveis, o governo alemão está preparado para imediatamente após a conclusão dos tratados políticos, para entrar em uma troca de opiniões sobre questões econômicas com as outras nações envolvidas, no espírito das propostas feitas, e fazer todo o que está em seu poder para melhorar a situação econômica na Europa, e da situação econômica mundial que está intimamente ligada a ele.
O governo alemão acredita que com o plano de paz proposto acima, ele fez sua contribuição para a construção de uma nova Europa sobre a base da confiança e respeito recíproco entre estados soberanos. Várias oportunidades para tal pacificação da Europa, pela qual a Alemanha têm feito propostas tão freqüentemente nos últimos anos, foram negligenciadas. Que esta tentativa de alcançar o entendimento europeu possa suceder afinal. O governo alemão confiantemente acredita que ele abriu o caminho nesta direção ao submeter o plano de paz acima.”

Qualquer um que hoje leia este compreensivo plano de paz perceberá em que direção o desenvolvimento da Europa, de acordo com os desejos de Adolf Hitler, teriam realmente procedido. Aqui havia a possibilidade de um trabalho realmente construtivo. Isto poderia ter sido uma real guinada para o benefício de todas as nações. Mas, uma vez mais, ele, que sozinho clamava por paz, não foi ouvido. Somente a Inglaterra respondeu, ao contrário, com um questionário desdenhoso que evitava qualquer consideração séria dos pontos essenciais envolvidos.

Incidentalmente, entretanto, a Inglaterra revelou suas verdadeiras intenções ao colocar a si mesma como a protetora da França e ao instituir e começar consultas regulares do pessoal militar geral com a República Francesa logo no período antes da Guerra Mundial.

Não poderia mais haver qualquer dúvida agora que os poderes aliados estavam seguindo o velho caminho para um conflito armado, e estavam firmemente preparando um novo bloqueio contra a Alemanha, ainda que os pensamentos e esforços de Adolf Hitler fossem inteiramente direcionados a lhes provar que ele queria permanecer nos melhores termos com eles. Ao longo dos anos ele empreendeu numerosos passos nesta direção, dos quais alguns mais serão mencionados aqui. Com a Inglaterra, ele negociou o Acordo Naval de 18 de junho de 1935, que previa que a marinha alemã poderia ter uma força de 35 por cento da marinha britânica. Com isto, ele queria demonstrar que o Reich alemão, para usar suas próprias palavras, tinha “nem a intenção, os meios, ou a necessidade” de entrar em qualquer rivalidade no que se refere ao poder naval, que, como é bem conhecido, tinha tido um impacto fatal sobre as suas relações com a Inglaterra nos anos antes da [primeira] Guerra Mundial.

Em cada ocasião apropriada, ele assegurou à França de seu desejo de viver em paz com ela. Ele repetidamente renunciou em termos claros a qualquer reivindicação da [região da] Alsácia-Lorena. Na ocasião do retorno ao Reich alemão do território do Saare como um resultado do plebiscito em 1 de março de 1935:

“É nossa esperança que através deste ato de justa compensação, no qual nós vemos um retorno à razão natural, as relações entre Alemanha e França tenham permanentemente melhorado. Portanto, assim como nós desejamos paz, nós devemos esperar que nosso grande vizinho esteja pronto e disposto a procurar a paz conosco. Deve ser possível para dois grandes povos se juntar e colaborar em oposição às dificuldades que ameaçam oprimir a Europa.”

Ele até mesmo tentou chegar a um melhor entendimento com a Polônia, o aliado oriental das potências ocidentais, apesar de que o país em 1919 tinha incorporado milhões de alemães ilegalmente, e tinha desde então os submetido a pior opressão. Em 26 de janeiro de 1934, ele concluiu um pacto de não agressão com ela, no qual os dois governos concordavam “a resolver diretamente todas as questões, de qualquer sorte, que concernissem a suas relações mútuas”.

Assim, de todos os lados ele se opôs aos planos do inimigo com sua determinação de preservar a paz, e desta forma se esforçou para proteger a Alemanha. Quando, entretanto, ele viu que Londres e Paris estavam preparando um ataque, ele foi uma vez mais obrigado a empreender novas medidas de defesa. O campo do inimigo, como nós vimos acima, foi enormemente estendido através da aliança entre a França e Rússia. Além disso, as duas potências tinham assegurado uma linha de aliança até o sul do Reich alemão através da Tchecoslováquia, que, já aliada com a França, então concluiu um tratado com a Rússia, assim, fazendo-a uma ponte entre leste e oeste.

Ainda mais, a Tchecoslováquia controlava a alta região da Boêmia e Morávia, que Bismarck tinha chamado “a cidadela da Europa”, e esta cidadela projetava-se longe dentro do território alemão. A ameaça para a Alemanha, então, assumia verdadeiramente uma forma esmagadora.

Adolf Hitler encontrou uma engenhosa forma de neutralizar este perigo. As condições da Áustria alemã, que sob o terror do governo de Schuschningg estava tendendo à guerra civil, ofereceu-lhe a oportunidade de dar um passo para salvar a situação, e levar de volta ao Reich a nação irmã ao sudeste que tinha sido sentenciada pelos poderes vitoriosos a levar uma vida de desesperada decadência como “Estado Livre”. Após ele ter se estabilizado próximo da linha de conexão entre a França e a Rússia, mencionada acima, um processo de dissolução começou no etnicamente misto estado da Tchecoslováquia, que foi artificialmente unido dos mais diversos elementos nacionais. Então, após a liberação dos [etnicamente alemães] Sudetos e da secessão da Eslováquia, os Tchecos mesmo pediram pela proteção do Reich alemão. Com esta “ponte” do inimigo caindo nas mãos de Hitler, enquanto que ao mesmo tempo fazia direta conexão com a Itália, cuja amizade havia sido assegurada previamente há algum tempo.

Enquanto ele estava ganhando este sucesso estratégico pela segurança de seu país, Adolf Hitler estava novamente se esforçando com grande avidez a alcançar um entendimento pacífico com as potências aliadas. Em Munique, imediatamente após a liberação dos Sudetos alemães, que foi aprovada pela Inglaterra, França e Itália, ele fez um acordo com o primeiro ministro inglês, Neville Chamberlain, o texto que do qual foi o que segue:

“Nós tivemos uma nova reunião hoje e nós concordamos em reconhecer que a questão das relações anglo-germânicas é de primeira importância para os dois países e para a Europa.
Nós consideramos o acordo assinado na última noite e o Acordo Naval Anglo-Germânico [de 1935] como simbólico do desejo de nossos dois povos de nunca mais ir à guerra com o outro novamente.
Nós estamos decididos de que o método da consulta deve ser o método adotado para lidar com quaisquer outras questões que possam se referir aos nossos dois países, e nós estamos determinados a continuar nossos esforços para remover possíveis fontes de diferenças e assim contribuir para assegurar a paz da Europa.
30 de setembro de 1938.
Adolf Hitler
Neville Chamberlain.”

Dois meses depois, sob as instruções de Hitler, o Ministro do Exterior alemão, von Ribbentrop, fez a seguinte acordo com a França:

“Sr. Joachim von Ribbentrop, Ministro de Relações Exteriores do Reich, e M. Georges Bonnet, Ministro de Relações Exteriores francês, atuando em nome e por ordem de seus governos, em seu encontro em Paris, em 6 de dezembro de 1938, concordaram como segue:
1. O governo alemão e o governo francês compartilham completamente a convicção de que relações pacíficas e de boa-vizinhança entre Alemanha e França constituem um dos elementos mais essenciais para a consolidação da situação na Europa e a manutenção da paz geral. Os dois governos usarão, em conseqüência, de todos os seus esforços para garantir o desenvolvimento das relações entre seus países nesta direção.
2. Os dois governos reconhecem que entre os dois países não há uma marcante questão territorial, e eles solenemente reconhecem como final as fronteiras entre seus países como elas existem agora.
3. Os dois governos estão resolvidos, enquanto que deixando não afetadas suas relações particulares com outras potências, a permanecer em contato com respeito a todas as questões referentes a seus dois países, e mutuamente consultar se a evolução posterior destas questões levar à dificuldades internacionais.
Em sinal de que os representantes dos dois governos assinaram a presente Declaração, que entra em efeito imediato.
Feito em duplicata nas línguas francesa e alemã em Paris, 6 de dezembro de 1938.
Joachim von Ribbentrop, Ministro do Exterior
Georges Bonnet, Ministro do Exterior”

Deveria ter sido inteiramente razoável esperar que o caminho estivesse limpo para uma reconstrução colaborativa, em que todas as principais potências participariam, e que os esforços do Führer para assegurar a paz iriam, finalmente, encontrar sucesso. Mas o contrário foi verdade. Mal Chamberlain chegou em casa, quando ele clamou por rearmamento em uma escala considerável e fez planos para um novo e tremendo cerco da Alemanha. Agora a Inglaterra tomou da França a liderança deste novo cerco ao Reich, para mais do que compensar a perda da Tchecoslováquia. Ela abriu negociações com a Rússia, e concluiu tratados de garantia com a Polônia, Romênia, Grécia e Turquia. Estes foram sinais de alarme da maior urgência.

Justo quando Adolf Hitler estava ocupado com a tarefa de finalmente eliminar fontes de atrito com a Polônia. Para este propósito, ele fez uma proposta notavelmente generosa pela qual a puramente alemã Cidade Livre de Danzig retornaria ao Reich, e uma estreita passagem através do Corredor Polonês, que desde 1919 foi separada da parte nordeste da Alemanha a um ponto intolerável, seria conectada novamente com a área separada. Para este propósito, que, além disso, oferecia à Polônia a expectativa de um pacto de não agressão de 25 anos e outras vantagens, foi, todavia, rejeitado em Varsóvia, porque lá acreditaram, conscientes como as autoridades estavam de formar um dos principais membros da frente comum criada por Londres com a Alemanha, que qualquer concessão, ainda que pequena, poderia ser recusada. E aquilo não foi tudo. Com esta mesma atitude, a Polônia tomou uma postura agressiva, ameaçando Danzig, e preparada para tomar armas contra a Alemanha.

Assim, o momento foi próximo a um ataque contra a Alemanha pelos países que tinham se alinhado juntos para este propósito. Adolf Hitler, fazendo um extremo esforço final nos interesses de paz, salvou o que ele pôde. Em 23 de agosto, Ribbentrop sucedeu em chegar a um acordo com Moscou para um pacto de não agressão com a Rússia. Dois dias depois, o próprio Führer alemão fez uma notável e final oferta à Inglaterra, declarando-se pronto “para entrar em acordos com a Inglaterra que… não apenas, do lado alemão, salvaguardariam a existência do Império Britânico, venha o que vier, mas se necessário, garantiria a assistência alemã para o reino britânico, independentemente de onde tal assistência pudesse ser requerida.”. Ao mesmo tempo ele estava preparado para aceitar uma razoável limitação dos armamentos, “de acordo com a nova situação política e que são economicamente sustentáveis”. E finalmente ele assegurou uma vez mais que ele não tinha interesse nas questões no oeste, e que “uma revisão das fronteiras no oeste estão fora de qualquer consideração”.

A resposta para isto foi um pacto de assistência mútua assinado no mesmo dia entre a Inglaterra e a Polônia, que fez o eclodir de uma guerra inevitável. Então, uma decisão foi feita em Varsóvia para mobilizar uma vez mais contra a Alemanha, e os poloneses começaram com violentos ataques não somente contra os alemães na Polônia, que por algum tempo, tinham sido as vítimas de assustadores massacres, mas contra o território do Reich alemão.

Mas mesmo depois de Inglaterra e França declararem guerra, como eles haviam pretendido, e a Alemanha ter vencido o perigo polonês no leste por uma gloriosa campanha sem um paralelo, mesmo então Adolf Hitler ergeu sua voz uma vez mais em nome da paz. Ele fez isto mesmo apesar que suas mãos estivessem agora livres para agir contra o inimigo no oeste. Ele também fez isto, mesmo que em Londres e Paris a luta tivesse sido proclamada contra ele pessoalmente, em ódio ilimitado, como uma cruzada. Neste momento ele possuía o supremo autocontrole para apresentar, em seu discurso de 6 de outubro de 1939, à opinião pública em todo o mundo, um novo plano para a pacificação da Europa. Este plano segue a seguir:

“De longe, a tarefa mais importante, em minha opinião, é a criação de não apenas uma crença em, mas também um sentimento pela segurança européia.
1. Para isto é necessário que os objetivos da política externa de cada estado europeu sejam feitos perfeitamente claros. Tanto quanto a Alemanha está envolvida, o governo do Reich está pronto para dar uma ampla e exaustiva exposição dos objetivos de sua política externa. Ao fazê-lo, ele começa por afirmar, primeiro de tudo, que ele considera o Tratado de Versalhes como não mais válido – em outras palavras, que o governo do Reich alemão, e com ele a inteira nação alemã, não mais vêem causa ou razão para qualquer futura revisão do Tratado, à parte da demanda por possessões coloniais, justamente devidas ao Reich, envolvendo, em primeiro lugar, um retorno das colônias alemãs.
Esta demanda pelas colônias está baseada não somente sobre a reivindicação histórica da Alemanha por suas colônias, mas acima de tudo sobre seu direito elementar de uma parte dos recursos de matéria-prima do mundo. Esta demanda não toma a forma de um ultimato, nem é uma demanda que é apoiada pela força, mas ao contrário, uma demanda baseada em justiça política e princípios econômicos do senso comum.
2. A demanda por um verdadeiro reavivamento da vida econômica internacional unida com uma extensão de negócio e comércio pressupõe uma reorganização do sistema econômico internacional, em outras palavras, de produção nos estados individuais. A fim de facilitar a troca de bens assim produzidos, entretanto, um novo sistema de mercados deve ser fundado, e um acordo conclusivo das relações das moedas do mundo deve ser alcançado, assim que os obstáculos no caminho do comércio irrestrito possam ser removidos gradualmente.
3. A condição mais importante, entretanto, para um real reavivamento da vida econômica, dentro e fora da Europa, é o estabelecimento de uma paz incondicionalmente garantida, e de um senso de segurança na parte das várias nações. Esta segurança não apenas se tornará possível pela sanção final do estado [N.T.: no sentido de status] europeu, mas sobretudo, pela redução de armamentos à nível razoável e economicamente tolerável. Uma parte essencial deste necessário senso de segurança, entretanto, é uma definição clara da aplicação e uso legítimo de certos armamentos modernos que poderiam, a qualquer momento, atacar diretamente no coração de qualquer nação, que assim, cria um permanente senso de insegurança. Em meus discursos prévios no Reichstag, eu fiz propostas com esta finalidade em vista. Naquele tempo, elas foram rejeitadas – presumivelmente pela simples razão de que elas foram feitas por mim.
Eu acredito que um senso de segurança nacional não retornará à Europa até que acordos internacionais claros e obrigatórios providenciem uma compreensiva definição da extensão a qual o uso de certas armas é permitido ou proibido.
A convenção de Genebra uma vez sucedeu em proibir, ao menos em países civilizados, a matança de feridos, o maltrato de prisioneiros, guerra contra não combatentes, e assim em diante. Tal como foi possível gradualmente alcançar a observância universal desta proibição, um caminho deveria certamente ser encontrado para regular a guerra aérea, o uso de gás venenoso, de submarinos, e assim em diante, e igualmente claro, definir contrabando, assim a guerra perderá seu caráter terrível de um conflito travado contra mulheres e crianças e contra não combatentes em geral. O crescente horror de certos métodos da guerra moderna levará, de sua própria vontade, a sua abolição, e assim eles se tornarão obsoletos.
Na Guerra com a Polônia, eu tentei restringir a guerra aérea aos objetivos de importância militar, ou apenas a empregá-lo para lidar com resistência a um dado ponto. Mas certamente deve ser possível emular a Cruz Vermelha na elaboração de alguma regulação internacional válida universalmente. Apenas quando isto for alcançado é que a paz pode reinar, particularmente em nosso continente densamente populado, uma paz que, livre de suspeita e medo, proverá as condições para prosperidade econômica e real crescimento. Eu não acredito que há algum estadista responsável na Europa que, em seu coração, não deseje prosperidade para seu povo. Mas tal desejo somente pode ser realizado se todas as nações habitantes deste continente trabalhar juntas. Ajudar a chegar a esta colaboração deve ser o objetivo de todo mundo que está sinceramente lutando pelo futuro de seu povo.
Para alcançar este grande objetivo, as principais nações deste continente, um dia, terão que se unir a fim de preparar, aceitar e garantir um estatuto sobre uma base compreensiva que garantirá para elas um sentimento de segurança e calma – em suma, de paz.
Tal conferência possivelmente não poderia ser realizada sem a mais completa preparação, isto é, sem especificar claramente todos os pontos em questão. É igualmente impossível que tal conferência, que determinaria o destino deste continente por muitos anos vindouros, pudesse levar adiante suas deliberações enquanto canhões trovejam, ou quando exércitos mobilizados estão exercendo pressão sobre ela. Uma vez que, entretanto, esses problemas devem ser solucionados mais cedo ou mais tarde, certamente seria mais sensível enfrentar a solução antes que milhões de homens sejam desnecessariamente enviados para a morte, e bilhões de dólares em propriedades sejam destruídos.
A continuação do presente estado de coisas no ocidente é impensável. Cada dia logo demandará o aumento de sacrifícios. Talvez, o dia chegará quando a França começará a bombardear e demolir [a cidade de] Saarbrucken. A artilharia alemã tornará [a cidade francesa] Mulhouse em ruínas. França retaliará bombardeando Karlruhe, e a Alemanha a sua vez bombardeará Estrasburgo. Então a artilharia francesa atirará sobre Friburgo, e os alemães em Colmar ou Sélestat. Artilharia de longo alcance será montada, e dos dois lados destruição atingirá mais e mais profundamente, e o que não puder ser alcançado pela artilharia de longo alcance será destruído pelo ar. E, enquanto tudo isto será muito interessante para certos jornalistas internacionais, e muito lucrativo para fabricantes de aviões, armas e munições, e assim em diante, será apavorante para as vítimas. E esta batalha de destruição não estará confinada a terra. Não, ela alcançará longe sobre o mar. Hoje, não há mais ilhas.
E a riqueza nacional da Europa será destruída por projéteis, e o vigor de cada nação será exaurido sobre os campos de batalha. E um dia haverá novamente uma fronteira entre a Alemanha e a França, mas, ao invés de prósperas cidades haverá ruínas e cemitérios sem fim.”

O destino deste apelo foi o mesmo de todos os outros feitos por Adolf Hitler em nome da razão, nos interesses de uma verdadeira renascença da Europa. Seus inimigos não lhe prestaram atenção. Nesta ocasião, também, nenhuma resposta chegou deles. Eles aderem rigidamente à atitude que eles haviam tomado no início.

Em face desta série de fatos históricos há alguma necessidade de mais detalhes quanto à questão de por que eles fizeram isso? Eles criaram o sistema de Versalhes, e quando ele ameaçou colapsar eles quiseram guerra, a fim de segui-lo com um Versalhes ainda pior.

As censuras que hoje eles fazem contra Adolf Hitler e a Alemanha, recua a um e a todos que as fizeram, e caracteriza suas ações.

Eles são perturbadores da paz. Eles são aqueles que contemplam a opressão forçada de outros povos, e que procuram mergulhar a Europa na devastação e desastre. Se não fosse assim, eles teriam tomado há muito tempo a mão que estava estendida a eles, ou, ao menos, eles teriam feito um gesto de honesto desejo em cooperar para construir uma nova ordem, e assim poupar as nações de um excesso de “sangue, lágrimas e suor”.

A história mundial é o tribunal do mundo; e neste caso, como sempre, quando ele chegar à sua decisão, ele pronunciará um justo veredito.

Fonte: http://ihr.org/other/what-the-world-rejected.html

Livre tradução e adaptação por Viktor Weiß

Artigo publicado pela primeira vez em nosso portal a 18/12/2013.
Créditos: http://inacreditavel.com.br/wp/o-que-o-mundo-rejeitou/

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